“O bom pastor dá a vida por suas
ovelhas” (Jo.10,11)
Por: Mayron Alexandre
Caros irmãos e irmãs internautas,
que bom termos um espaço para compartilharmos a fé. E nada melhor que fazermos
isso falando sobre Cristo, autor e origem da fé, por meio de seu Evangelho, não
é mesmo? Estamos caminhando no Tempo Pascal... o tom alegre deste tempo solene
se dá por um único motivo: A VIDA! A páscoa é a celebração do triunfo da Vida
sobre a morte! A ressurreição é fonte de vida para os crentes! Cristo, numa
série de imagens pascais, se apresenta desta vez, neste domingo, como “Pastor Bonus”, “o Bom Pastor”, aquele
que dá a vida, e a dá livremente, pois essa é a finalidade de sua missão! Sendo
assim, e já tomando rumos para nossa reflexão de hoje, podemos começar nos
perguntando: Celebramos a festa da vida mas, se nos é dada a Vida, como
usufruir deste fruto pascal? Como viver a vida em Cristo, Bom Pastor, que dá a
vida e como reconhecer a Cristo, que dá a vida, no dia a dia?
Em primeiro lugar, vemos pelo
Evangelho, que Cristo não é mercenário, não aproveita de suas ovelhas, não as
conduz pelo caminho da mentira e nem as abandona. Antes, assume-se como Aquele
que se importa com as ovelhas, que as toma para si e “as conhece, como Ele
conhece o Pai.” Esse é ponto que podemos partir. Só um conhecimento profundo,
munido de confiança, obediência e intenso amor, entre o Pai e Filho pode ter
feito com que Cristo abraçasse, livremente, sua paixão. Só uma relação íntima,
profunda e de elevada comunhão, entre Pai e Filho, pôde dar-nos a vida. Só um
conhecimento entre a ovelha e o seu Pastor pode fazer com que eu e você,
ovelhas do rebanho de Cristo, tenhamos a vida, usufruamos da vida, bebamos da
fonte da vida, do Pastor, do Cristo. E aí já temos uma resposta para o primeiro
questionamento! Ainda assim, um dos sermões de São Leão Magno, presente no
Catecismo da Igreja Católica, nos dá um “empurrãozinho” para a resposta da
primeira pergunta: “Cristão, por
participares agora da natureza divina, não te degeneres, retornando à
decadência de tua vida passada. Lembra-te da Cabeça que pertences e do corpo
que és membro. Lembra-te que fostes arrancados das trevas e transferido para a
luz...” , ou seja, aproveitar a vida, para um cristão autêntico, não se
reduz à “fazer tudo o que eu quiser ou puder pois isto é aproveitar a vida!”
Isto é um movimento decadente, que leva à caídas, a tropeções, a afundar-se em
si mesmo, a retornar para as trevas da qual, pela força do sacrifício de
Cristo, fomos arrancados. A Páscoa nos motiva a olhar para o alto, para além de
nós, a ressuscitar os ânimos cansados e abatidos, a renovar o compromisso de fé
no Cristo e conhecer, com desejos de intimidade, aquele que deu e dá a vida por
nós, a deixarmos guiar por aquele que “tem autoridade para dar, retirar e
retomar a vida”. Desta forma, aproveitar a vida toma um rumo diferente e
ascendente, nos motiva a erguer-nos da morte do passado, a trilhar novos e
ressuscitadores rumos nos caminhos da vida, a tomar novas decisões e certezas,
a vestir e fazer dignas às vestes de um justificado e participante da natureza
divina... Os frutos práticos disso? Ânimo, Coragem, Felicidade plena, Soerguimento,
Vitória, respostas plenas e cheias de intimidade com Deus. Os meios práticos
disso? A oração, o conhecimento da palavra, a vida em comunidade, os
sacramentos. Portanto, o que achas de
viver a vida com Cristo que te doa a vida hoje?...
Em outro aspecto, o Bom Pastor se
demonstra responsável por suas ovelhas. Não algumas, selecionadas, mas as que
estão e não estão dentro do seu redil, pois, como disse, “também a elas devo
conduzir”. Como conduz? Pela voz! Para onde conduz? Para o caminho da Vida Nele!
Em que lugar conduz? No meu dia a dia! A
voz vivificante de Cristo fala mais alto nos corações de suas ovelhas. Pela
melodia da verdade, Cristo dá a vida por suas ovelhas cada vez que elas ouvem e
só conhecem a sua voz. Muitas vozes são ouvidas por nós hoje em dia... as vozes
da mídia, do consumismo, do sucesso, da riqueza, dos prazeres... Vozes estas
muitas vezes convidativas, sedutoras, disfarçadas, que nos levam e levarão à
tentação de querer seguir o mercenário, do lobo vestido de Cordeiro e procurar
um caminho mais fácil. Assim como o
autor dessas vozes são, todas essas, vozes mercenárias, que não nos conduzem
com segurança e repouso para um lugar. Que não nos garantem a vida! Que não nos
levam a Cristo! Nosso Senhor, no Evangelho de Mateus, nos ensina como a fugir
dessas vozes: “ Guardai-vos dos falsos
profetas que vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos
ferozes. Pelos seus frutos os conhecereis.” (Mt 7,15) Que preciosa dica!
Que cuidado do Bom Pastor para com os seus! A voz de Cristo, Bom Pastor, nos
fala e vivifica sempre na simplicidade da vida, nos fatos diários, nos nossos
dons, nas pessoas que convivemos, nos frutos espirituais que colhemos.
Estejamos atentos a sua voz! E então, podemos nos perguntar: Eu, ovelha de
Cristo, pertencente ao rebanho do Senhor, a quem estou ouvindo? A quem quero
seguir? Para onde quero ir? Sigo um caminho de morte? Quero o caminho da vida
em Cristo? As respostas a estas
perguntas são o fio condutor para prosseguir ou retornar à verdadeira voz que
nos diz: “Eu sou o Bom Pastor” e devem fazer com que ou prossigamos ou
retornemos de onde paramos. Como seria doloroso ouvir de Nosso Senhor o que nos
exorta o profeta Isaías: “Porque o
coração deste povo se tornou insensível, e eles ouviram de má vontade...” (Is
6,10) Quando pelo contrário, que nossa vida seja um eco da voz de Cristo onde
formos e que possamos, como testemunhas do ressuscitado, do Bom Pastor que dá a
vida, sermos portadores da Vida em Cristo! Assim Seja!
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